Assistindo um programa que pouca gente se importa, quiçá os participantes, em um canal desconhecido entre tantos outros da televisão. A noite, uma melancolia sem tamanho me acomete. Minha garganta trava. Minha cabeça por outro lado, nunca para de pensar. Desesperada, sem rumo e impotente diante de todos os meus problemas, essa sou eu em algumas madrugadas. Mais que ouso pontuar. Parei de contá-las a dois meses atrás.
Entretanto, uma pilha de textos sobre meus mais angustiantes momentos segue crescendo. Eles, os papéis, tomam conta do meu quarto, da minha casa e do meu ser. Se escondem nas frestas de um lugar qualquer. São tantos, tão desorganizados, e por todos os lugares que remontam minha própria cabeça.
Considero minha maior dádiva: poder pensar como eu penso. Bom, muito ei de pensar como eu mesma e nunca estive tão dentro de uma cabeça como da minha. A partir de algumas conversas voluptuosas, já tive a falsa impressão de vagar sobe um outros mundos, sobre um outro reinado. Mas uma vida inteira não posso suportar. É como estar sobre outra pele. É como fugir de uma realidade muito óbvia, mesmo para um tolo ou bobo da corte.
Quero fugir, quero ficar. Apenas outra realidade sem os braços que me apertam. Deveria ou poderia dizer que me abraçam, ao invés de apertar, mas o mundo não tem sido muito gentil comigo. Noites essas que aqui me ponho a escrever, passam sob um abraço nada suave no pescoço até me faltar a consciência; normalmente retomada no dia seguinte, cujo qual espera mais uma dose de coragem. Coragem para viver e para suportar mais uma noite, mais um programa televisivo ruim, mais uma manhã...
Temporona
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