Conciliar escrita e sentimento

    Normalmente não tenho que pensar sobre o que escrever, escrevo quando tem algo me afligindo, quando o sono é muito demorado e o dia muito vagaroso. Dias como esse, com uma chuva gostosa, um sol harmônico de meio dia, depois de uma noite agradável e bem dormida, são levados a coração aberto, tranquilo.

    Um texto sem reviravoltas, sem mágoas profundas, apesar de estranhos, são bons amantes de uma mente pacata, pacífica.

    Não tenho certeza  qual é o preço de viver em paz por algum tempo. Me sinto uma fraude, uma anúncio enganoso de produto para queda de cabelo em homens acima de 65 anos. Ou como uma nuvem afável em formato de zebra, com listras pretas e claras, de um formato cômico, antecedendo um temporal de destelhar casas e fazer uma formosa cidade submergir em água e desgraça.

    Não sei se um bom texto precede meses e meses de palavras vãs, frases sem sentido, que se aglomeram em parágrafos desjeitosos.

    Não sei se já fiz um bom texto.

    As vezes só sou como um cachorro de rua, que de tanto apanhar, recua em qualquer mão oferecendo carinho, colo, comida. Não estou acostumada a ser feliz. 

                                                                                                                                                       Temporona

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