Enquanto fico trancafiada dentro desse ônibus empoeirado que me leva onde devo voltar, sou obrigada a tentar matar tempo atoa. Estou um pouco cansada de mim, como costumo estar, mas minha cabeça está especialmente turbulenta. Tenho pensado em futuros que não posso ter com a vida que levo. Não faz sentir ser certo pensar nos lugares que sei que prefiro não ir. Além de tudo, é muito perigoso deixar a nossa mente tão livre para visualizar uma vida totalmente a parte de nós mesmos.
Entretanto, se minha mente ei de pensar em tal destino vigoroso que se passa como uma película nos olhos da minha mente, talvez tais ideias não sejam não desnexas como pensei terem sido.
Sempre gostei de estar acompanhada por palavras que não são minhas. Os livros costumam me servir de boa companhia e tenho cada vez mais descoberto os motivos maquiavélicos por detrás da possível e única paixão na minha vida, ler.
É muito difícil aceitar que a vida não deve ser vivida como penso. Quase como se fosse uma teimosia infantil para não comer o brócolis do prato antes da sobremesa gordurosa que me aguarda. Muito acontece pois estou afugenta dentro de uma tagarela silenciosa que sou a única a escutar. Se a silenciasse, a minha mente, tenho certeza, que se mesmo por um minuto me mantivesse quieta, sem nada na ponta dos neurônios, estaria morta. E então, encontraria o paraíso.
Sem ter a chance de saborear tais minutos de paz, preciso enfiar palavras goela abaixo e ler horas a fio em silêncio externo, com as palavras dos autores que quase se perdem nas minhas. Desse modo, amar a leitura se perde, nunca foi amor, nunca ei de amar. Quanto mais penso sobre, mais me soa como um desespero tremendo para tentar livrar-me de mim sem precisar morrer, afinal, não tenho colhões para atirar-me. E honestamente, se alguém me apresentasse este conceito, não o definiria como amor por certo.
Amor ao que a vida me apresentou até aqui parece mais com um rugido barulhento e ensurdecedor, que de tantas palavras, sangram os olhos e ouvidos. Não como o silenciar de um livro.
Entretanto como uma bebida alcoólica gostosa misturada de dois terços de água, e viciante, e de nos deixar bambo a meio fio a meia noite, isso me estraga toda a vida. Quando leio, sinto vontade de escrever, e em um ciclo, quando menos percebo, estou não só pensando junto comigo, mas estou debatendo em linhas e me contra-argumentando. Como um pesadelo vivido em dose dupla. Parecendo um açoite nas minhas costas pálidas, de cor mórbida, pergunto se me torturo ou me deleito com os filetes imaginários de sangue vermelho vívido que escorrem.
Afinal, uma cor tão bonita em uma pele quase tom de papel é uma imagem de se admirar.
Temporona
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