Faz muito tempo que me escondo entre analogias e metáforas que nunca realmente dizem o que acontece na minha vida. Por que estive a tanto tempo fugindo de mim mesma e daqueles que me acompanham? Com olhos marejados, com as mãos trêmulas, e poucas certezas, eu digo: hoje eu quero colocar meu nome, assinar todos os textos mal escritos que nunca nem chegam naqueles que raramente podem me ler nas linhas. Eu quero dar nome aos meus sentimentos, e utopicamente, escrever a minha história. Se palavras me acompanham, se me refugio na escrita, não seria uma pena deixar tudo não dito e não endereçado? Pois então.
Outrora, pensei que não devia justificativas a ninguém, que os sentimentos eram meus e meus textos deixariam um abismo proposital entre aquela que escreve e aquela que vive em mim. Só posso ter mudado, deixado um pedaço meu para trás. É verdade, tanto tempo se passou, não sei porque me surpreendo com as minhas mudanças. Não são elas que me fazem mais coerente no hoje? Fui deixada na verdade, para trás, por um daqueles amores doídos dos vinte e poucos anos que viram sua vida do avesso, que marcam alma, coração e pele. Você, Pedro, marcou alma, coração e pele, e agora, te escrevo. Virada do avesso, o que me resta? Mudar. Meu nome, Brenda, que antes não era meu, não te faz mais companhia.
Aqueles que escrevem e todas as vezes colocam seu nome, são mais sinceros consigo mesmos? Não busco ser mais sincera comigo mesma. Pra que me entender melhor? Que eu me confunda, altere sem culpa todos os gostos e deleites, crimes e fúrias. Se sim, se eles se entendem melhor porque escrevem e assinam seu nome, voltarei a me esconder. Minha sinceridade existe no máximo se falo que fujo, que me apavoro sem o anonimato, e que peso nenhum é tirado dos ombros quando as cartas são endereçadas. Na verdade, se carrega mais peso, porque quando se concreta uma história nas linhas, não se pode mais fingir que nunca aconteceu. E aí talvez morasse meu medo. Mas todos os meus dias aconteceram.
Consternada e confusa ou completamente presente e sã, não nego o que eu faço. Não mais. Passo os meus dias acordando atrasada por ter dormido tarde depois de 60 páginas. Espero o final de semana para que não precise ver ninguém, e na minha solidão, a minha irmã, Katiane, para passearmos, me busca de meus devaneios e da dor de estar sozinha. Nunca estive. Espero mensagens dos meus amigos, que sempre são mal respondidas, mas ainda assim, zelosos, me aguardam depois das longas aulas da universidade para encontrar mais sentido na vida. E o Guilherme, antes de todo grande momento, ou depois de todo pequeno texto, me atende atravessado. Não preciso de muito mais.
Temporona
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